quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Chico, A Flecha


Chico, por seu temperamento forte e tendo a valentia como traço marcante, foi protagonista de uma das maiores guerras futebolísticas da história da Seleção Brasileira, ocorrido em 1946. Mas para entender a história, temos que voltar três meses antes.O início do fato que desencadeou a peleja internacional, ocorreu em 20 de dezembro de 1945, no estádio de São Januário,RJ. Era um Brasil x Argentina.Em campo o Brasil vence por 6 x 2. Mas além da goleada, o fato marcante foi a contusão do zagueiro argentino Batagliero, que fraturou a perna após choque com Ademir Menezes. Segundo a fonte do relato, Ademir na época com 20 anos, entrou no choque de maneira involuntária, e quem havia batido mesmo era Chico e Zezé Procópio, mais experientes e de estilo mais "chegador". Pois três meses depois, o Brasil vai disputar o Sul-americano em Buenos Aires. A final: Argentina e Brasil, no Monumental de Nuñez. A Argentina queria vingança e o clima era de guerra. Numa tentativa diplomática, o então chefe da delegação brasileira Ciro Aranha, leva Ademir pra visitar o zagueiro Batagliero, ainda em recuperação. Não adiantou muito.Já no estádio do River Plate, Chico recebeu o seguinte conselho de um argentino (diálogo publicado no site NetVasco):- É melhor não jogar. Nós vamos te matar.Chico, gaúcho valente e brigão, que nascera e se criara em Uruguaiana, na fronteira, respondeu com raiva:- Pois vão ter que me matar mesmo!Para acirrar ainda mais os ânimos platinos, Batagliero desfila em torno do gramado, numa maca, para inflamar torcedores e jogadores locais. A torcida dava o recado para o Brasil:-Mira!Mira! A partida começa nesse clima, e aos 28 minutos, o capitão argentino Salomon entra de carrinho em Jair, que levanta a perna, e a perna do jogador argentino choca-se contra a sola da chuteira de Jair. Salomon tem fratura dupla na tíbia e perônio (popular canela), e nunca mais se recuperou para o futebol.Tempo fecha e Jair tenta ir para o vestiário. O argentino Fonda parte para agredir Jair e Chico intervém na defesa de Jair. Chico é acertado pelas costas por Strembel, e nesse momento se vê cercado por argentinos. Segue brigando valentemente, soco e pontapés de todos os lados, até o máximo em que soldados argentinos de cavalos começam a bater com sabre em Chico, que se defende como pode no meio da turba argentina.Até que Mário Vianna consegue adentrar no tumulto, em meio a cavalos e jogadores, e tirar Chico dali, trazendo-o para o vestiário, por coragem e sorte, pois com a confusão mais de 500 torcedores argentinos estavam invadindo o campo. A polícia só conseguiu retirá-los com a utilização de bombas de gás.O Brasil não queria voltar a campo, mas o chefe da polícia local foi ao vestiário brasileiro e disse para que voltassem, pois em caso de cancelamento da partida ele não poderia garantir a segurança da equipe brasileira.O Brasil volta, mas não houve mais futebol. Chico estava expulso nesta altura. O Brasil perdeu por 2 x 0, e tiveram que se conformar com a derrota.Na volta ao Brasil, a delegação rumava ao Rio de Janeiro, enquanto Chico ia de trem para Uruguaiana, machucado, mas onde foi recebido pelos gaúchos de lá como herói de guerra, merecidamente.Fato interessante: Chico em sua carreira pela seleção brasileira, jogou 10 vezes contra a Argentina. Foi expulso em 9. Jogando pelo Vasco da Gama foi titular durante todo período daquele time chamado de Expresso da Vitória porque ganhava todos os títulos, inclusive de forma invicta o Campeonato Sulamericano de 1948 que foi a primeira Taça Libertadores da América. Faleceu em 1997 em decorrência de um infarto acontecido dias antes quando ele assistia um jogo do Vasco contra o River Plate.

Nenhum comentário:

Postar um comentário